sexta-feira, 22 de abril de 2011

Refúgio.

Era outono de 73. Molly saia de seu prédio e, ao colocar o rosto pra fora do portão, o vento batia com força em seu rosto, emaranhando por entre seus cabelos. Suas mãos vestidas com um par de luvas, automaticamente se entregaram aos bolsos do sobretudo bêge que vestia. Eram 6:45 da manhã, Paris acordava com os comerciantes abrindo suas lojas numa manhã de sábado tranquila, os pássaros a cantar, as folhas das árvores a cair, enfeitando assim ruas e alamedas onde poucos carros passavam, quase nenhum ônibus. Molly saiu do prédio e foi até a garagem onde encontrava sua bicicleta. Andar pela cidade sem a mesma, para Molly, era preferível ficar em casa fazendo o que der em sua cabeça. Saiu da garagem com seu meio de transporte preferido e logo montou na bicicleta, colocando em seu cesto frontal as chaves de casa e uma pequena bolsa, mais parecida com uma carteira. Colocou seus fones de ouvido e saiu pedalando ao lado do passeio das ruas ao som dos seus tão amados Beatles. O objetivo de ter acordado tão cedo era simplesmente a fim de aproveitar tal manhã tão bonita, o sol esbranquiçado, o céu bem azul, porém o vento forte, temperatura baixa, folhas e mais folhas são vento. Molly adorava o frio, seja outono ou inverno, acompanhado com aquele solzinho ou aquela chuvinha, melhor ainda! Pedalou até encontrar um café de esquina, o tão famoso Café de Boulangerie tinha aberto a poucos minutos e possuia algumas pessoas. Molly se sentou, pediu um croque monsieur com um café expresso e pegou o jornal do dia, Le Monde, que ficava sobre a mesa para a próxima pessoa que se sentar ali ficar a parte das notícias mais importantes do dia em todo o mundo. Molly leu, se deliciou com seu café da manhã, comprou uma maçã verde e saiu. Pegou sua bicicleta e foi em direção à Torre Eiffel. Ao chegar naquela enorme praça, estacionou sua bicicleta no lugar devido, pegou suas coisas e sentou em um dos bancos, fechando seus olhos e sentindo aquela brisa tocar sua pele. A manhã continuava ainda mais linda de quando saiu de casa. Olhando ao redor, deu-lhe de cara com garoto que chamou sua atenção, o qual estava sentado em um daqueles bancos. Pelo motivo de ter chamado sua atenção ela não sabia ao certo, aparentava ser um garoto como qualquer outro, estava com dois livros em mãos, um aberto ao meio, lendo compenetrado. Estava agasalhado, vestindo uma boina e um par de luvas, o olhar parecia estar longe, porém ao mesmo tempo bem perto, cujo o mesmo não sabia explicar. Desmond era um cara que adorava literatura, música e arte. Morava ali perto e sempre que podia rodiava a cidade com sua leitura, adorava mesclar o cenário para suas imaginações, suas conclusões e análises literárias, porém algo naquela paisagem que ele escolhera lhe encomodava de um jeito bom e não o fazia se afastar. Algo que ele reconheceria em poucos segundos, ou até mesmo em poucos versos.

[...]
continua.

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